“Atualmente, vivemos uma grande desestruturação familiar na maioria das famílias. Os maiores psiquiatras do mundo afirmam que parte desse problema decorre do impacto das mídias sociais e da internet. De modo geral, a tecnologia tem afastado as pessoas do convívio saudável. Se você observar, em restaurantes e outros lugares públicos, todos parecem mais preocupados com seus celulares e redes sociais do que em interagir com a família”, diz o psicólogo Alexander Bez à IstoÉ Gente.
“Quando um ex-casal mantém uma relação amigável, isso é algo muito saudável. Afinal, eles compartilharam uma vida, tiveram experiências juntos. E quanto mais forte for esse vínculo associativo, mais fácil será manter uma amizade após o fim da relação. Um exemplo disso é o caso de William e Fátima. Eles podem não ter mais a complicidade conjugal — um termo técnico usado na psiquiatria —, mas preservam um contato amigável”, continua o profissional.
De acordo com Alexander Bez, esse contato é essencial, especialmente quando há filhos envolvidos. “Mesmo que superficial, essa relação amistosa evita conflitos e cria um ambiente emocionalmente mais estável para os filhos, influenciando positivamente seus futuros relacionamentos. Quando um casal demonstra que sua relação valeu a pena, mesmo após o término, isso reforça a ideia de que o amor e o respeito podem prevalecer.”
“A prova dessa maturidade não está apenas nos filhos que tiveram juntos, mas também na amizade que permanece. Se conseguem viajar juntos, reunir-se em ocasiões especiais e manter o respeito mútuo, isso significa que superaram os resquícios sentimentais do relacionamento. E essa é a chave: para que essa dinâmica funcione, é essencial que não existam sentimentos românticos remanescentes”, destaca.
O psicólogo explica que, quando não há mais desejo ou ressentimento, torna-se possível enxergar o outro sob uma nova perspectiva, baseada no respeito e na consideração, mas sem qualquer intenção amorosa. “Esse tipo de relação, aliás, é um grande contraste com o que vemos na atualidade, onde até mesmo casais que ainda estão juntos enfrentam dificuldades para estabelecer um vínculo genuíno — algo que, novamente, é agravado pelo excesso de tempo gasto nas redes sociais.”
“Casais como William e Fátima demonstram que essa convivência saudável é possível. E isso não apenas preserva a saúde mental dos filhos, reduzindo conflitos e evitando traumas psicológicos, como também tem impacto fisiológico. Crianças que crescem em ambientes harmoniosos apresentam menos sintomas psicossomáticos e desenvolvem uma visão mais positiva sobre relacionamentos.”
“No fim das contas, tudo se resume ao respeito. É o respeito que permite que um ex-casal mantenha uma relação produtiva e saudável, sem disputas ou ressentimentos. E, para que isso aconteça, é fundamental que não haja mais desejo inconsciente entre eles. Quando esse desejo persiste, pode gerar atitudes sutis de sabotagem e ressentimento, tornando inviável essa harmonia. Manter essa parceria após a separação não é fácil. Poucos casais conseguem, especialmente em um mundo tão midiático e digital. Mas, quando acontece, é algo muito interessante e extremamente saudável”, completa Alexander Bez.
Com informações da IstoÉ Gente