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Ciro Nogueira admite ter escrito, mas não explica significado de ‘Temer 300’

Material foi apreendido pela PF no gabinete do presidente do PP

O senador piauiense Ciro Nogueira, presidente nacional do Progressistas e um dos principais expoente da base aliada do governo Temer, não soube explicar, quando questionado pela Polícia Federal (PF), uma anotação feita por ele com o nome do presidente Michel Temer associado a dois números “300”, que foi encontrada em seu gabinete no Senado durante buscas realizadas pela PF.

Ciro Nogueira (Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado)
Ciro Nogueira (Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado)

O material foi apreendido em abril deste ano, em uma investigação que apura se o senador teria tentado comprar o silêncio de um ex-assessor que vem colaborando com investigações que envolvem outros políticos do PP.

“Em sua oitiva, Ciro Nogueira foi devidamente provocado a explicar o manuscrito. Assumiu sua autoria, mas não se recorda do significado das letras”, escreveu a procuradora-geral da República Raquel Dodge.

A manifestação está em uma cota à denúncia por obstrução de Justiça apresentada no último dia 15 contra Ciro Nogueira, o deputado Eduardo da Fonte (PP-PE) e o ex-parlamentar Márcio Junqueira, preso desde que a operação foi deflagrada. Os autos da denúncia e das investigações foram tornados públicos nesta quinta-feira, após o ministro Edson Fachin, relator do caso, acatar o pedido da PGR para levantar o sigilo.

Para a procuradora-geral da República, porém, a anotação “à míngua de qualquer outro elemento informativo para além do manuscrito” torna inviável a “instauração de uma investigação formal para apurar o significado dele”. Diante disso, Raquel entendeu por arquivar a citação que envolve Temer, ressaltando que ela pode ser reaberta se vierem à tona novas provas. Fachin atendeu a recomendação.

“A instauração de um inquérito exige um grau mínimo de elemento de convicção, o que,até o momento, não é a hipótese dos autos”, afirmou Dodge no pedido encaminhado a Fachin.

No manuscrito, porém constam outras palavras e siglas associadas a números que, para a PF, são referências a pautas importantes em votação no Congresso e a valores em reais. A seguinte relação aparece nas anotações feitas por Ciro: “Fundo 1.000 lmp 200 RT 200 2 Temer 300 300”.

“A inscrição ‘Fundo’ pode ser referência a votações do ‘Fundo Partidário’, ocorrida em 26 de setembro de 2017 no Senado; ‘1.000’ pode ser referência a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais)”; ‘RT’ pode ser uma alusão às iniciais da expressão Reforma Trabalhista”; ‘J MP’ pode ser referência à Medida Provisória nº 808/2017″; e “2 Temer, seguida de dois numerais 300 300 que podem ser uma referência a duas parcelas de R$ 300.000,00”, aponta Dodge, fazendo referência a interpretações da PF.

Procurada nesta sexta pela reportagem, a defesa de Ciro, comandada pelo criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, afirmou que não tem o que falar sobre o caso, uma vez que ele foi arquivado.

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