Casal homossexual é detido pela PM de Salvador por se beijar na frente de crianças
Oficial da PM da Bahia poderá ser exonerado
Um jovem de 24 anos diz ter sido vítima de homofobia e abuso de poder após ser detido por um oficial da Polícia Militar, com outros dois amigos, depois de dar um beijo em outro homem, nas ruas de Salvador. A situação ocorreu no circuito Osmar (Campo Grande), no centro da capital baiana, na segunda-feira (30).
O professor Maurício Marla (nome fictício para preservar a identidade da vítima, o amigo que ele beijou e uma amiga que estava com eles foram levados para uma delegacia da região, e foram autuados por desacato a autoridade e importunação ofensiva ao pudor. Os três só deixaram a unidade policial após assinarem um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO). O celular da amiga do designer, que foi usado para filmar parte da situação, foi apreendido.
No Boletim de Ocorrência (B.O) da situação, o oficial da PM, que não teve o nome divulgado, relata que Maurício Marla e o amigo causaram “constrangimento ao público presente na frente de crianças” com o beijo, e que a amiga deles teria feito “apologia ao crime ‘beijos lascivos’” por defender os dois.
Nas redes sociais, Maurício Marla compartilhou uma foto do documento e, na legenda da imagem, relatou a situação. No texto, o jovem critica a postura do PM e se manifesta contra a prisão. Em 24h, a publicação teve mais de 420 curtidas e 164 compartilhamentos.
“… meu amigo deu um beijo de despedida num amigo dele e para nossa surpresa rapidamente foi abordado por um policial falando que era pra ele parar com aquele comportamento, que tinham famílias ali que não precisavam ver aquilo, e que se ele quisesse fazer esse tipo de coisa, que fosse para a Barra que era seu lugar. Neste momento Renata se colocou entre o policial e os dois, dizendo que era mãe, que família podia ver aquilo sem problema e recebeu uma ameaça à guarda do seu filho como resposta, antes de sair o policial ainda empurrou Renata. Nesse momento puxei meu amigo e dei um selinho nele, pra deixar claro o absurdo de tanta causação por um gesto tão simples de afeto, o policial seguiu na direção do bloco e ficamos ali travados por um tempo, revoltados sem sabem como/se reagir”, conta o jovem em um trecho do texto.